terça-feira, 17 de julho de 2012

6. Eduarda


Cuidar da minha filha tornou-se a minha principal preocupação. Passava o tempo todo com ela ao colo: dava-lhe o biberão e brincava com ela. Era uma bebé muito amorosa e dorminhoca!
Apesar de tudo isto eu não podia adiar mais o inevitável. Tinha que contar ao Eduardo que tinha uma filha, não podia continuar a esconder.


Depois de muita hesitação decidi ligar ao Eduardo.
- Estou sim? – Ouvi do outro lado. Ao ouvir aquela voz tremi.
- Eduardo? É a Catarina. Desculpa estar a ligar, mas tenho urgência em falar contigo. Podes passar por minha casa, por favor?
Houve um tempo de silêncio.
- Sim…sim, não tem problema. Eu vou aí ainda hoje. – respondeu ele por fim.
- Obrigada. 



Já era noite quando tocaram á campainha. Do outro lado da porta consegui ver que era ele. Estava tão nervosa! Não conseguia parar de tremer…
Ganhei coragem, ergui a cabeça e abri a porta.




Durante uns instantes, que me pareceram uma eternidade, ficamos em silêncio a olhar um para o outro. Tanta coisa precisava de ser dita mas nenhum de nós conseguia falar. Ele estava tão diferente, tão mudado. Tinha até um olhar frio e distante. Já não era aquele Eduardo com bom sentido de humor que eu conheci.
O Silêncio foi quebrado por mim.

- Eduardo, quero que saibas que pensei muito antes de te ligar. Preciso muito de falar contigo. Entra e senta-te para ficarmos mais á vontade.
Ele entrou, e eu olhei em volta. O medo que o pai dele descobrisse era muito.
- Catarina, diz-me la….porque é que tinhas tanta urgência em falar comigo? Passa-se alguma coisa? Precisas de alguma coisa?
- Não…-não sabia como começar.
- Fala, não tenhas medo.
Nessa altura não tive. O medo desapareceu. Ele estava aqui, estava na hora de saber a verdade.



- Eduardo, preciso que me ouças até ao fim, sem interromper.
- Esta bem! – Prometeu.
- Passado uns meses de nos termos separado, descobri que…descobri…que estava grávida. Fiquei tão baralhada, sem saber o que fazer….mas fui até tua casa para te contar. Quando lá cheguei estavas a casar com a Holly. Fiquei tão magoada que não tive coragem e voltei para casa. Uns dias depois o teu pai veio a minha casa e viu que estava grávida. Disse-me que não queria que a tua vida fosse estragada por um erro e ameaçou-me. Disse que se tu algum dia soubesses a verdade mataria a criança. É claro que fiquei com medo, não podia deixar que nada acontecesse com o meu bebé. Pensei até em sair da cidade e nunca mais voltar pois o meu medo crescia dia para dia. Depois de muito pensar, decidi que tu merecias saber a verdade e que o bebé merecia ter um pai. A gravidez passou e tive uma menina linda. Quando olhei para ela, revi todos os nossos bons momentos, por isso decidi chamar-lhe Eduarda. (Eduardo ouvi a historia emocionado. Quando eu lhe disse o nome da nossa filha ele não aguentou e começou a chorar.) Tenho adiado este momento desde o dia que ela nasceu, mas não era justo nem para ti nem para ela. Foi por isso que te liguei, para te contar que tens uma filha.
Eduardo levantou-se, limpou as lagrimas, olhou para mim com os olhos a brilhar e disse:
- Quer dizer que eu sou pai?
- Sim…
- Posso…posso conhece-la? – perguntou a medo.
- Claro que sim! – agora era a minha vez de chorar.

Pedi a Eduardo para me seguir até ao quarto da bebé e segurei-a no meu colo.
- Apresento-te a tua filha, a Eduarda!- disse eu sem conseguir conter a emoção. 



Eduardo olhava para ela completamente babado. Pegou nela e apertou-a contra o peito.
- É linda! – diz ele.
- É mesmo! Eduardo, desculpa….desculpa ter escondido isto de ti durante tanto tempo. Mas tenho tanto medo….devias ver como o teu pai falou.


- Ainda não acredito que ele fez isso!
Sabes, desde que casei com a Holly a minha vida é horrível. Ela é muito fútil, vive para o dinheiro. O meu pai arranjou-me trabalho do ramo do mal. Nada é o que eu esperava….
Parece que este pequeno milagre é a única coisa que eu fiz de bem na minha vida!
- Não achas que está na altura de mudar isso? – a minha esperança crescia.
- Sim….sim está! Eu vou para casa, vou contar ao meu pai, vou pedir o divórcio a Holly.
Catarina, desculpa por te ter feito passar por isto tudo! Nem imagino o que sofreste!
Achas que ainda estou a tempo de recuperar aquilo que perdi?
- Não sei…não me perguntes isso…não tão cedo! Só o tempo dirá se te consigo perdoar.
- Está bem. Eu mereço isso. Vou agora a casa falar com o meu pai e com a Holly. Depois volto para te contar como foi.


Pegou na nossa filha e levantou-a no ar.
- Até logo minha pequenina!
E foi embora.
O mais difícil está feito. Agora tenho que esperar pelas consequências do que fiz….



Pouco antes da hora do jantar do dia seguinte a minha campainha toca, Eduardo estava de volta. A minha ansiedade cresceu…o que teria acontecido.
- Olá Catarina. Desculpa só vir a esta hora. Só consegui sair agora daquela casa…
- E então, o que aconteceu? Como é que o teu pai reagiu?
- Estou divorciado, sem casa, sem emprego e sem dinheiro. A Holly insultou-me e o meu pai expulsou-me. Não tenho nada….apenas a roupa que tenho vestida.
- Meu deus! O teu pai foi capaz de fazer isso?
- É, parece que sim….bom, se queres que te conte tudo é melhor te sentares.
Eduardo contou-me toda a sua conversa com Holly e com o Sr. Vieira. Pelos vistos acusou o pai de lhe ter escondido a existência da pequena Eduarda. O pai disse-lhe que ele era um falhado e não acreditava que ele ia desistir do casamento e da vida que tinha por uma bastarda por isso despediu-o e expulsou-o. Holly apoiou-o, como é óbvio!
Fiquei com tanta raiva daquele homem, nem imaginam!
- Depois de tudo isto não sei o que fazer da minha vida…não tenho nada…devia ter seguido os meus sonhos enquanto podia. Agora é tarde…
- Depois de tudo o que fizeste hoje não digas que é tarde! Hoje deste um grande passo na tua vida Eduardo, deixaste o teu pai, a tua prisão…agora podes começar a viver.
- E vou ficar onde? Na rua? Pelo menos até ter algum dinheiro para alugar um quarto….
- Achas mesmo que eu te ia deixar ficar na rua? Posso não ter muito mas o meu sofá está á tua disposição. Arranjas emprego, organizas a tua vidinha e depois podes procurar uma casa ou um quarto para viver.



- Deixas – me mesmo ficar aqui? Oh Catarina, muito obrigada! Nem sei como te agradecer!
- Segue o teu coração! É só isso que te peço!


Era o dia do meu aniversário por isso, em vez de cozinhar, fizemos um piquenique lá no jardim, só os dois. 


Estivemos a conversar um pouco e depois, eu fui arrumar e ele foi cuidar da nossa filha. Já era tarde quando cada um se foi deitar. 


De manha bem cedo comprei, numa loja online umas roupas para o Eduardo. Depois de tomar o pequeno-almoço ele foi ao teatro para pedir emprego. Finalmente ganhou coragem para realizar o seu sonho de ser estrela de rock, mas ainda tinha muito que trabalhar para la chegar. O meu dia correr normalmente. Limpei a casa e tratei da minha pequena. Tinha tanto trabalho que tive de deixar o meu livro de parte.


Victoria veio a minha casa contar-me as boas novas: estava gravida! Fiquei tão feliz pela minha amiga! 


Quando voltou, Eduardo não trouxe só um emprego mas também 2 grandes surpresas. Vendeu a única coisa que conseguiu trazer da sua antiga vida: o carro. Com a venda do carro ficou com bastante dinheiro por isso comprou um mais barato para ele e um para mim. Nem queria acreditar quando ele chegou a casa com os dois carros. Disse-me também que tinha ficado com dinheiro suficiente para fazer um pequeno parque para Eduarda brincar quando crescer e ainda sobrava dinheiro (Não sabia que a venda de um carro dava para tanta coisa!) E mais: contratou uma empregada para fazer a limpeza lá em casa para eu ter mais tempo para o meu livro! Fiquei tão feliz que o abracei sem pensar. 


 O nosso dia-a-dia decorria da melhor forma. A vida com Eduardo perto era muito mais fácil. Ele trabalhava e ajudava-me tanto que eu tive pena de o ver dormir no sofá, por isso deixei-o dormir na minha cama mas o mais separado possível. Eu ainda não o tinha perdoado, mas cá para nós, ele está no bom caminho para o perdão!;)



Chegou o dia do 1º aniversário da Eduarda. Resolvemos fazer uma pequena festa para os amigos mais chegados. 


Eduardo foi comprar o bolo de aniversário e eu pus música para animar a festa. Victoria foi a primeira a chegar. Ela precisava de sair um bocadinho. Teve uma gravidez muito atribulada e desde que a pequena Carminda nasceu ela não tinha tempo para ela. A festa da sua querida afilhada foi a desculpa para ela deixar o marido a tomar conta das filha e sair para se divertir um bocadinho.


 A festa foi um sucesso, toda a gente se divertiu. E a minha pequena conheceu, finalmente, a sua tia! Depois de soprar as velas a minha pequenina cresceu para bebé. Era igualzinha ao pai: tinha o mesmo cabelo, os mesmos olhos. Era linda! Claro que Eduardo ficou completamente babado por a nossa filha ser uma mini - fotocópia dele!


Estávamos tão felizes que o meu medo em relação á ameaça feita pelo pai do Eduardo ficou esquecido!
Como tudo o que é bom sempre acaba, esta fase feliz da minha vida estava mesmo a terminar. 


Quando todos os convidados foram embora, arrumamos tudo e eu fui adormecer a minha filhinha. Antes de ela adormecer, olhei para ela e vi como ela se tinha tornado numa menina linda. Eu tinha tanta sorte! Tinha tomado a decisão certa.
Finalmente fui-me deitar. Estava tão cansada! Eduardo já dormia e eu não tardei em adormecer. 


Era perto das 2 horas da manhã quando o pai de Eduardo apareceu á minha porta. Arrombou a porta e entrou sem fazer o mínimo de barulho. Certificou-se que estávamos os dois a dormir e dirigiu-se ao quarto onde a minha filha dormia profundamente. Acordou-a, pegou nela, saiu de casa, ed desapareceu na escuridão com a minha filha ao colo, sem sequer olhar para trás….



















































10 comentários:

  1. uau! adorei/odiei o capitulo. Está lindo sem duvida, mas a ultima parte... Odeiei mesmo o pai do Eduardo

    Beijinhos

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    1. Ele é um homem mesmo mau! Não descansa enquanto não piora a vida das pessoas! :|

      Beijinhos:)

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  2. parecida com os dois a Eduarda, linda. Que cafageste o pai dele :@

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  3. Eduarda é uma menina linda!
    Mas esse maldito homem, o pai de Eduardo, o que ele quer agora? Já não expulsou o filho de casa? Não o deixou só com a roupa do corpo? Não se sente feliz por ter ficado com a mulher do filho que era rica? Não me diga que vai agora querer ficar com tudo o que é seu em troca de devolver a sua filha? Nem quero imaginar os três na rua com só com a roupa do corpo. Vá à polícia, entregue esse homem!

    Beijinho!

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    1. É um amor a Eduardinha! Mas o avô dela não acha...:(
      Vai fazer tudo o que tiver ao alcance dele para esta família não ser feliz!

      Beijinhos

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  4. Ela é linda, e espero que o avô dela não atrapalhe o seu vcrescimento

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  5. Amei o capítulo! Menos a parte que o pai do Eduardo pega a pequena Eduarda, claro!
    Beijos

    http://diariosthesims.blogspot.com.br/

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