terça-feira, 14 de agosto de 2012

10. Alice


Desde que Alice veio viver connosco, a nossa vida melhorou imenso! Ela era uma pessoa muito bem-disposta, amável e odiava injustiças! Por isso, assim que viu que nós não tínhamos dinheiro suficiente para completar a construção da nossa casa de sonho decidiu pôr mãos á obra.




Quem não achou muita piada a isso foi Eduardo, que era muito orgulhoso no que se tratava de dinheiro. Não gostava de pedir favores a ninguém, o que tinha era graças ao seu trabalho.
- Alice, és minha irmã e sabes o quanto eu gosto de ti. Mas não posso deixar que tu gastes o teu dinheiro para construir a minha casa! Esta casa vai ficar completa, mas será aos poucos. Eu e Catarina vamos trabalhar para isso! Temos é que ter apenas um pouco de paciência.
- Oh maninho deixa-te de coisas! Porque é que és tão orgulhoso? Aiiiii! Pensa comigo: O meu marido foi trabalhar para onde?
- Para a China…mas o que é que isso tem a ver com a construção da minha casa?
- Tudooo! Christopher foi trabalhar para a China e com um bocadinho de sorte eles gostam do trabalho dele e ele fica la permanentemente. Visto que ele é um homem sortudo já de nascença é isso mesmo que vai acontecer! Por isso, quando o bebé nascer eu vou viver para onde? Para a China!
- Continuo sem perceber Alice….
- Aiii! É preciso fazer um desenho? Se eu, o meu bebé e Christopher vamos viver para a China quem vai ficar com a casa que a NOSSA MÃE construiu para NÓS? A tua ex-mulher, Holly! Lembraste dela? Aquela que se uniu com o nosso pai e te expulsou de casa sem nada! Vais deixar que o trabalho da nossa mãe seja em vão? Vais deixar a tua filha crescer numa casa vazia por orgulho?
- Nunca tinha visto as coisas por esse ponto de vista…
- Pois, mas eu tinha! Por isso eu vou aquela casa, vou ao cofre do pai e vou tirar todo o dinheiro de lá que é nosso por direito. E nem tentes reclamar, não vale a pena! Agora deixa-me passar que eu tenho uma casa para “assaltar”!
Eduardo não conseguiu encontrar nenhum argumento contra a irmã. Desde pequenos, quando Alice metia uma coisa na cabeça, ela tinha que a conseguir, nunca perdia numa discussão!  





Nos meses que se seguiram, Alice trabalhou arduamente na decoração da nossa casa! E a verdade é que ficou um espanto!




 Mas o melhor trabalho dela foi mesmo o jardim! Ela considerava-o a sua obra-prima! 


A vida corria-nos muito bem! A casa estava concluída, estava um novo membro da família quase a chegar e estávamos todos muito felizes! Passávamos bons momentos em família. 



Uma noite, eu e Alice estávamos no sofá a ver televisão, com a lareira acesa, quando a mesinha da sala, que estava demasiado perto da lareira, pega fogo. O meu desespero é enorme pois eu também peguei fogo! Neste instante em que estava queimada vi a minha vida toda a passar-me pelos olhos! Eu ia morrer! Mas Alice, uma mulher corajosa, teve o sangue frio para pegar no extintor e salvou-me a vida! Entretanto chegaram dois bombeiros para a ajudar. 


 Devo-lhe a vida! Este dia aproximou-nos muito! Ficamos grandes amigas!



Num sábado de manha, Alice estava a ajudar Eduarda com os seus trabalhos de casa, quando sentiu uma dor muito forte na barriga. Era o seu bebé, ela tinha a certeza!




Eu e Eduardo corremos com ela para o hospital! Era muito estranho ela sentir as dores do parto já! Ainda era cedo!
Ao chegar ao hospital, Alice não quis que nenhum de nós entrasse com ela. Antes de entrar, olhou para mim e para Eduardo com as lagrimas nos olhos e disse:
- Adeus!
Eu e Eduardo ficamos a ver Alice entrar no hospital! Porque é que ela disse adeus? Credo, parecia que se estava a despedir!




As horas passavam e nos sem saber de nada! No início da tarde, Christopher entrou a correr no hospital. Nem nos viu com tanta pressa!  
Estivemos á espera de notícias todo o dia!




Quando o sol se estava a pôr, Christopher saiu com uma expressão de raiva. Veio até nós e sem nos olhar nos olhos disse entre dentes:
- Nunca na minha vida quero ver aquela criança! Desapareçam com ela, façam o que quiserem com ela. Virou as costas e foi embora sem dizer mais nada.
O que é que ele queria dizer com aquilo? Não estávamos a perceber e o nosso desespero aumentava a cada minuto!




Alguns minutos depois, o doutor Geoffrey Terranossa saiu pela porta do hospital com uma menina embrulhada no cobertor e com uma expressão triste no rosto. 
- Doutor, será que nos pode dizer alguma coisa sobre a minha irmã? Ela entrou no hospital hoje de manha com contrações e ainda ninguém nos disse nada! O doutor estava demasiado emocionado para falar, as lagrimas escorriam-lhe pela face. 



Com a mão a tremer entregou-me um bilhete e deitou a menina nos meus braços. No bilhete, era a letra de Alice.


- Minha querida família, á muito que sabia que não ia sobreviver a este dia. Quando vos contei que estava gravida já sabia que tinha um problema muito grave de saúde e que, na hora do parto, os médicos só conseguiriam salvar um de nós. Quando o médico me disse isso chorei muito, muito, muito! Sempre quis ser mãe, e agora que o meu desejo se estava a concretizar eu não poderia ver o meu bebé crescer. Tinha que escolher entre a minha vida e a vida da criança que se estava a formar dentro de mim. Hoje não me arrependo da minha decisão. No momento em que a tomei soube que Christopher nunca aceitaria criar o bebé sem mim, ia culpa-lo da minha morte. Por isso tinha que procurar outra alternativa. Com vocês vivi dos melhores momentos da minha vida! Vocês deram cor aos meus últimos meses de vida! Peço-vos do fundo do meu coração que criem este bebé como se fosse vosso! Não deixem que lhe falte amor e conforto. Tenho a certeza que vocês serão os melhores pais para o meu bebé. E, minha querida Eduarda, confio em ti para acolheres o meu bebé como se fosse um irmão. Sei o quanto gostavas de ter um. Ensina-lhe tudo o que sabes, faz com que seja um exemplo de criança como tu.
Um dia, quando ele ou ela estiver preparado, quero que lhe contem a verdade. Quero que lhe contem quem eu fui e como eu o/a amava incondicionalmente.
Por fim, quero agradecer-vos por tudo o que fizeram por mim. Amo-vos do fundo do meu coração.
Assim, despeço-me com um Até Já, pois onde quer que eu esteja vou estar sempre a olhar por vocês!
Um enorme Beijo e Até Já!
Alice.




5 comentários:

  1. Ain que triste!! Lendo a carta da Alice fiquei até emocionada... mas tenho certeza que a filhinha dela será muito bem acolhida e será criada com muito amor!!
    Beijos

    http://diariosthesims.blogspot.com.br/

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    1. Também fiquei muito emocionada com esta carta. A pequenina vai ter uma família que vai cuidar dela com muito amor e carinho! :')

      Beijinhos

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  2. A casa ficou linda! Agora o que me deixou triste foi a morte de Alice, coitada, salvou-lhe a vida e foi ela falecer! A bebé vai crescer no meio de muito amor, tenho a certeza disso.

    Beijinho!

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    1. A morte de Alice foi uma grande tragédia! Mais uma para esta família! Ela era muito boa pessoa, um exemplo a seguir! E a sua filha vai ser criada com muito amor sim! O pai pode ter fugido mas ela tem sorte em ter uma família que a ama e não a culpa da morte da mãe!

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